ASSEMBLEIA DE DEUS NO BRASIL

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O QUE HÁ PARA VER NUM DESERTO?




TEXTO: Êxodo 3. 1
"Moisés pastoreava o rebanho de seu sogro Jetro, que era sacerdote de Midiã. Um dia levou o rebanho para o outro lado do deserto e chegou a Horebe, o monte de Deus." (Versão NVI).

INTRODUÇÃO

Se esbarrarmos apenas nesse texto de Êxodo 3.1, iremos nos deparar com um homem barbudo, aparentemente de feições rudes, com um cajado na mão e um grande rebanho de ovelhas pertencentes a seu sogro. Seu nome era Moisés. Moisés, como todas as pessoas, tinha um passado que alí, naquele deserto parecia está longínquo na proporção que o tempo passava. E, no relato de Estevão (Atos 7.30) esse senhor já havia estacionado naquele deserto durante 40 anos!

Talvez ele pensasse que sua vida se resumiria naquela rotina, deslocando ovelhas em busca de lugares menos áridos e de pastagens. Quando a vida se torna uma rotina nós tendemos a limitar o campo de nossa visão. Isso pode gerar dentro de nós um sentimento de autoanulação, de impotência, de coisas que nos impedem de acessar potenciais que o tempo sublimou. Pois, aquele sujeito barbudo havia não era qualquer um: "Moisés foi educado em toda a sabedoria dos egípcios e veio a ser poderoso em palavras e obras" (Atos 7:22); ele um dia foi alguém que estava cotado para ser príncipe do Egito! (Confira: Hebreus 11.23-24).

A vida é assim. Somos hábeis avaliadores e julgadores de pessoas pelo que nos mostram as aparências. Jesus já advertia seus discípulos a esse respeito dizendo: "Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos" (João 7:24) .

Moisés, num dia desses qualquer, deslocou o rebanho para a parte mais ocidental do deserto, para o outro lado, defronte ao Monte Horebe, no Sinal, naquela cadeia de montanhas cujo pico mais alto chegava a 2 461,54 m. Foi nesse monte que Moisés teve uma surpresa que mudou radicalmente sua vida.

I. O que há para ver num deserto?

Jesus ao testemunhar a respeito de João falou: "O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?" (Mateus 11:7). Esse ilustração serve para mostrar que o deserto não é lugar para ver coisas interessantes.

Moisés sabia disso claramente, afinal, 40 anos são uma eternidade para quem todos os dias se punha a fazer a mesma coisa. De dia, um calor extasiante, um suor sufocante, uma poeira constante. Um som estranho provocado pelos galhos secos afastados pelo bafo quente isento de água. Isso é deserto! De noite, um frio gélido e seco.

No deserto não há muito para se ver além de extensões infindáveis de terras arenosas, de vegetação pobre e minguada, sem vida.

Desertos podem servir de ilustração em relação a nossa própria vida. Ou mesmo que se prestem a servir de exemplo para uma situação nacional, local, uma realidade difícil de um povo, uma particularidade emocional, ou escarces de condições, não importa se é deserto, está ligado a vida dura, pouco produtiva, sem expressão, sem colorido, mas o Deus que nós servimos é poderoso para transformar realidades marcadas pela esterilidade em mananciais de água! "O deserto e a terra ressequida se regozijarão; o ermo exultará e florescerá como a tulipa" (Isaías 35.1); "Águas irromperão no ermo e riachos no deserto" (Isaías 35.6); "Abrirei rios nas colinas estéreis, e fontes nos vales. Transformarei o deserto num lago, e o chão ressequido em mananciais." (Isaías 41.18); "Àquele que conduziu seu povo pelo deserto, O seu amor dura para sempre!" (Salmos 136:16).

II. É no deserto que coisas pequenas se tornam grandes!

Algo chamou a atenção de Moisés. Ele poderia dizer que já havia visto de tudo ao longo desses 40 anos naquele ambiente, mas o que aquele dia tinha reservado para ele era simplesmente inexplicável! "Ali o Anjo do Senhor lhe apareceu numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça. Moisés viu que, embora a sarça estivesse em chamas, esta não era consumida pelo fogo." (Êxodo 3:2).

Primeiro, Moisés se vê contrariado diante de tudo que aprendeu com a ciência dos egípcios, e olha que não era coisa pouca, porque além de ter sido o Egito centro de saberes universais, lugar onde primeiro se desenvolveram técnicas na área da astronomia, matemática, geometria, medicina, ele é descrito na Bíblia como alguém que "havia se tornado poderoso em palavras e obras!".

Ele viu, sem embaraço algum, o Anjo do Senhor falando diretamente com ele, numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça! A sarça, "Seneh" em hebraico para designar um arbusto de regiões secas, de galhos resistentes, porém, pequeno, de feições insignificantes! Como o conjunto de tudo aquilo que se tem num deserto que não há nada para ver.

2.1 O Deus Todo-Poderoso transforma realidades

Aonde está a presença de Deus, mesmo nos lugares secos e vazios, a glória de Deus os transforma na maior e melhor novidade de todos os tempos! A disposição físico-mental que antes só enxergava deserto, começa, com a presença de Deus, a ver novos prismas, novas perspectivas, e a vida ganhando alegria e brilho. "Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas! (2 Coríntios 5:17). "Ele os guiará às fontes de água viva." (Apocalipse 7.17).

2.2 A presença de Deus torna as coisas insignificantes em especiais

A sarça que era capaz de passar despercebida por qualquer um que passasse por aquele mesmo local, de repente foi o centro de total atenção de Moisés, pois a presença de Deus transformou algo insignificante num receptáculo do poder de Deus na forma de um fogo abrasador, mas que não consumia! E a voz que saia daquele fogo bradava de maneira inconfundível, chamando pelo seu nome: "Moisés, Moisés! " (Êxodo 3:4). Era como que dizendo, tu estás pensando que vais terminar a vida nessa mesmice de sempre! Eu tenho planos sobremodo excelentes para tua vida! Ao que lhe respondeu: "Eis-me aqui" (Êxodo 3:4).

A partir desse encontro, Moisés começou a se apropriar do conhecimento de sua missão, ele que viria a ser o guia do povo de Deus, o legislador de Israel, profeta e juiz!

No deserto da vida, Moisés foi rejeitado por muitos de seus irmãos, perseguido, ignorado, esquecido. Mas Deus transformou radicalmente a vida dele, dizendo: "Dou-lhe a minha autoridade perante o faraó..." (Êxodo 7.1). Mesmo depois de sua partida, podia de ouvir falar a seu respeito: "Em Israel nunca mais se levantou profeta como Moisés, a quem o Senhor conheceu face a face. Pois ninguém jamais mostrou tamanho poder como Moisés nem executou os feitos temíveis que Moisés realizou aos olhos de todo o Israel." (Deuteronômio 34:10,12).

Conclusão

Quando estamos no deserto parece que, de fato, não há nada para ver. Tudo parece está dominado pelo tédio, pela rotina. E nós nos sentimos desmotivados, pouco producentes, apáticos até. Mas quando entramos em sintonia com a glória de Deus, coisas insignificantes ganham brilho, a vida se enche de cores e prazer, e nós começamos a ver sob novas perspectivas. Nesse momento, não temos outra saída a não ser adorarmos ao Senhor que encheu nossa boca de rizo e o nosso coração de contentamento!

domingo, 13 de novembro de 2011

ARREPENDIMENTO E FÉ

Por Daniel B. Pecota

O arrependimento e a fé são os dois elementos essenciais da conversão. Envolvem uma “virada contra” (o arrependimento) e uma “virada para” (a fé). As palavras primárias, no Antigo Testamento, para expressar a ideia de arrependimento são shuv (“virar para trás”, “voltar”) e nicham (“arrepender-se”, “consolar”). Shuv ocorre mais de cem vezes no sentido teológico, seja quanto ao desviar-se de Deus (1 Sm 15.11; Jr 3.19), seja no sentido de voltar para Deus (Jr 3.7; Os 6.1). A pessoa também pode desviar-se do bem (Ez 18.24,26) ou desviar-se do mal (Is 59.20; 3.19), isto é, arrepender-se. O verbo nicham tem um aspecto emocional que não fica evidente em shuv; mas ambas palavras transmitem a ideia do arrependimento.

O Novo Testamento emprega epistrephô no sentido de “voltar-se” para Deus (At 15.19); 2 Co 3.16) e metanoeô/metanoia para a ideia de “arrependimento” (At 2.38; 17.30; 20.21; Rm 2.4). Utiliza-se de metanoeô para expressar o significado de shuv, que indica uma ênfase à mente e à vontade. Mas também é certo que metanoia, no Novo Testamento, é mais que uma mudança intelectual. Ressalta o fato de uma reviravolta da pessoa inteira, que passa a operar uma mudança fundamental de atitudes básicas.

Embora o arrependimento por si só não possa nos salvar, é impossível ler o Novo Testamento sem tomar consciência da ênfase deste sobre aquele. Deus “anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (At 17.30). A mensagem inicial de João Batista (Mt 3.2), de Jesus (Mt 4.17) e dos apóstolos (At 2.38) era “Arrependei-vos!” Todos devem arrepender-se, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm 3.23).

Embora o arrependimento envolva as emoções e o intelecto, é a vontade que está profundamente envolvida. Quanto a isso, basta citarmos como exemplos os dois Herodes. O evangelho de Marcos apresenta o enigma de Herodes Antipas, um déspota imoral que encarcerou João Batista por ter este denunciado o casamento com a esposa de seu irmão Filipe, mas ao mesmo tempo “Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo” (Mc 6.20). Segundo parece, Herodes acreditava em algum tipo de ressurreição (6.16). Portanto, possuía algum entendimento teológico. Dificilmente poderíamos imaginar que João Batista não lhe tenha proporcionado uma oportunidade de se arrepender.

Paulo confrontou Herodes Agripa II com a própria crença do rei nas declarações proféticas a respeito do Messias, mas o rei não quis ser persuadido a tornar-se cristão (At 26.28). Não quis arrepender-se, embora não negasse a veracidade do que Paulo lhe dizia a respeito de Cristo. Todos nós precisamos dizer, assim como o filho pródigo: “Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai” (Lc 15.18). A conversão subentende “voltar-se contra” o pecado, mas igualmente “voltar-se para” Deus. Embora não devamos sugerir uma dicotomia absoluta entre duas ações (pois só quem confia em Deus dá o passo do arrependimento), não está fora de propósito uma distinção. Quando cremos em Deus e confiamos totalmente nEle, voltamo-nos para Ele.
_______________
Fonte: sitio da CPAD Escola Dominical: Texto extraído da obra: “Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal”, editada pela CPAD.